WHAT HAPPENS NEXT (?)

Yap Maxxi 2018 Pavilion

A nossa curta experiência na SUMMARY tem tudo a ver com a modularidade e a pré-fabricação – arquitetura transportável, normalmente composta por betão, otimizada, barata, por vezes não terminada, brutalmente funcional. Está também claramente mais relacionada com soluções permanentes do que temporárias. O betão é símbolo de intemporalidade. Para este concurso, fomos convidados a propor uma intervenção temporária. O programa do concurso YAP MAXXI 2018 era curto e claro: um espaço para atividades ao ar livre, um espaço para investigação e inovação, com particular atenção para questões ecológicas, e espaços lúdicos usufruindo de sombra, assentos e água. O orçamento atribuído para responder a este programa (80000€, IVA incluído) era também bastante generoso. Então, qual foi o desafio aqui?

Para nós o desafio foi o de construir esta instalação temporária prevendo uma utilidade para o seu reuso após a sua desmontagem. Assim, “o que acontece depois?” (“what happens next?”) tornou-se na questão central para nós na conceção deste projeto por duas razões:

1. Assumimos esta instalação como uma extensão do Museu. MAXXI não existe exclusivamente para exibir projetos curatoriais – da mesma forma que não acreditamos que esta instalação deva existir apenas para proporcionar um espaço exterior bonito e confortável. A sua missão serve propósitos superiores que ultrapassam os limites físicos do museu, como o de promover o debate, o de chamar a atenção dos visitantes sobre o contexto político e social presente e, consequentemente, o de promover estratégias para um desenvolvimento positivo da cidade. Ao definir o que acontece depois com esta instalação temporária, e ao informar os visitantes sobre essa intenção, daríamos um passo em frente nesta missão.

2. Definir o que acontece depois não é parte integrante do programa requerido. No entanto, assumimos que lhe está implícito. Considerando que qualquer ato de construção implica a exploração de recursos naturais e o consumo de energia, “reciclar” e “reutilizar” representam uma estratégia séria e operativa para promover a eficácia ecológica desta instalação.
Começámos pelo fim, por definir o que acontece depois antes de definir o que é a instalação.

“O que acontece depois”, a seguir à desmontagem da instalação?
É bem conhecida a brutal questão social que Roma está a experienciar neste momento, relacionada com as pessoas em situação de deslocamento – refugiados e imigrantes forçados. Propomos usar esta oportunidade, estes recursos e esta energia para construir algo permanente, de forma a atender a algumas das necessidades atuais/correntes dessas pessoas, mesmo que numa pequena escala. Não como um ato de caridade, mas antes como uma simples e pragmática otimização do dinheiro e do material que seria de qualquer forma gasto.

É também verdade que somos forasteiros nesta área. Não sabemos quais são essas necessidades nem como um edifício poderia significar um contributo nessa matéria. Posto isto, contactámos algumas instituições que têm vindo a desenvolver reconhecido trabalho nesta área. Encontrámos a Diritti al Cuore, que nesse momento manifestou carência de um pequeno centro médico para cuidar de algumas situações de emergência de saúde e higiene. Em vez de uma instalação, começámos então por desenhar este edifício de acordo com essas necessidades.


O que acontece antes? > A Instalação

As peças pré-fabricadas são usadas para responder de uma forma muito direta ao programa requerido pelo YAP MAXXI 2018, servindo para criar uma espécie de “pérgola de betão”, gerando um espaço exterior temporário, sombreado, com o intuito de albergar diversas atividades. A aparência formal desta instalação corresponderá ao que ela realmente é: um estágio provisório de um conjunto de peças de betão que em breve constituirão um edifício. Na verdade, a instalação aparenta quase ser um estaleiro de obra. Esta pérgola será ventilada, pulverizada com água e iluminada, com recurso a um sistema de energia solar integrado na cobertura da instalação – ações que serão ativadas apenas quando a presença de alguém for detetada.
Os troncos de madeira, necessários para acomodar as peças durante o seu transporte, serão usados como assentos informais, dispersos pelo recinto, assim como alguns blocos de resíduos de betão que serão retirados do depósito da fábrica, sem qualquer custo.
As peças de betão são parcialmente cobertas com painéis de cortiça natural – funcionando como “almofadas” para prevenir danos durante o seu transporte, e como camada de isolamento térmico para o edifício a construir posteriormente.
Além das escolhas de uso de materiais e dispositivos tecnológicos, o cerne da abordagem sustentável subjacente a esta instalação reside no facto da sua transformação de algo temporário para algo permanentemente útil.

INFORMAÇÃO DO PROJETO

CLIENTE: Concurso – Yap Maxxi 2018 Pavilion
ANO: 2018
DIMENSÃO: 60 m²
TIPO: Pavilhão temporário
LÍDER DE PROJETO: Samuel Gonçalves
EQUIPA DE PROJETO: Inês Vieira Rodrigues, Luca Sabbadini, Giacomo Tacchi, Andrea Ferro
IMAGENS: Alban Wagener